30 anos hoje

Bob Mould é careca. E é gay. Quando eu tinha 8 anos ele fundou, junto com o Greg e o saudoso Grant, uma banda de hardcore que era tudo, e também hardcore. Não posso falar de Husker Du, sou suspeito. A banda acabou com os cara tudo drogado e brigado. Rock.

Em 1992 o rock barulhento mandava no mundo, nas paradas, na porra toda (que tempos, que tempos). E Bob formou o Açúcar. Que há exatos 30 anos atrás lançou Copper Blue, o disco que tem Changes, tem Helpless, tem Man on the Moon e tem A good Idea. Que eu ouvi, bati cabeça, fiz air guitar, air drums, air pandeiro.

Em 2013 eu fui ao show do Grant Hart em São Paulo. Eu e mais 20 pessoas. No final eu pude falar que o amava. E que também amava o Bob. Ele não deve ter gostado disso.

Não tem Sugar no Wikipedia, A good idea não tem vídeo. Eu nunca entendi a letra. Mas eu tava lá. E juro que era foda.

Tambores psicodélicos

No início dos maravilhosos anos 90 havia o rock. Nos dois primeiros anos da década foram lançados alguns dos melhores discos de todos os tempos. Em todas as listas, dessas que agora saem toda semana, sempre vai ter um grunge e um Beatles. Um britpop e um Led Zepellin. Guitarras dominavam e eu gostava muito. 1994 teve morte do Senna e Copa do Mundo. E Raimundos. Rock com rabeca. Era mais purista e preconceituoso que hoje, não a ponto de não gostar daquela mistura. Era alto, rock rebelde.

Mas me lembro bem de quando ouvi Da Lama ao Caos pela primeira vez. Tinha guitarra, tinha mistura, mas não tinha putaria. “Posso sair daqui pra me organizar, Posso sair daqui pra desorganizar”. Tinha um gênio lá, tinha uns tambores, uma psicodelia. Tinha Hendrix e Luiz Gonzaga. Pirei. Depois de muito indie em inglês tocado por bandas brasileiras que eu amava, eu agora podia dizer que também tinha música em português que achava foda. Vieram a reboque duas de minhas bandas preferidas: Devotos do Ódio e Mundo Livre S.A.

O imperdível Festival In-Edit trouxe na programação deste ano o filme sobre essa cena recifense.

Com depoimentos de seus criadores, companheiros e herdeiros, Jura Capela nos conta como que um movimento estético, vindo do mangue, aumentou a visibilidade das periferias e manifestações culturais da região metropolitana do Recife. Unindo diversas vertentes como música, cinema, artes visuais e literatura, o Manguebeat não só se consolidou um dos mais importantes movimentos culturais das últimas décadas, mas também gravou para a posteridade nomes como Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, o festival Abril Pro Rock, entre outros.

Outra que me chamou muita atenção logo de cara foi Maracatu Atômico. Cara, com um nome desse 🙂 Som que demoraria muito tempo para eu descobrir tratar-se de uma música de Gilberto Gil. Lúcio Maia, o ótimo guitarrista da Nação Zumbi, inclusive, fala no filme que eles eram bons de regravação. Concordo totalmente até porque, muito tempo depois, em 2017, a Nação Zumbi cometeria Radiola NZ, um ótimo disco de covers:

Quando um filme termina e eu tenho vontade de fazer um monte de coisa relacionada a ele, é porque realmente curti muito. No caso, vim logo escrever isso, ouvindo as bandas do movimento, buscar meus CD no fundo do armário, ripar, ler o encarte. Relembrar essa macumba. Salve Chico Science!

Velhas ondas radiofônicas

Essa é uma história de amor. Vamos a ela …

Todos temos aquelas lembranças da infância, aquele momento que continua vívido na memória, aquele instante que não se apaga. Você não se lembra de alguma coisa que aconteceu ano passado (ainda mais atualmente, onde parece que acontecem milhares de coisas todo dia), mas tem aquele momento marcado na sua mente. Ou vários deles. Como o móvel que tocava som (sim) em que meu pai ouvia jogos do Fluminense e discos de bolero.

Um móvel com toca-discos escondido


Minha mãe tinha, e ainda tem, uma mania curiosa. A primeira coisa que faz quando acorda é ligar o rádio. Sempre foi assim. Eu tomava meu lanche e me preparava para a escola ao som de algum comunicador Globo. 1220AM. Um conjunto de letras e números que diz muito pra muita gente. Show do Antônio Carlos era cedinho, Haroldo de Andrade tinha debate ao meio-dia, Luiz de França tinha efemérides vespertinas. Mamãe só dava um descanso pro bichinho depois da Ave Maria.


Uma escapadinha para a Tupi, Nacional, Tamoio. Bastava uma mudança na programação pra Dona Lúcia tentar achar abrigo em outras ondas curtas. Mas sempre voltava. Aqueles caras faziam parte da família, aquelas notícias, O Globo no Ar de hora em hora, eram verdades incontestáveis. Nos fins de semana a programação mudava. Tinha especiais com Roberto Carlos, tinha futebol. O radinho nunca descansava.
Com a adolescência, os amigos, o pop-rock que dava as caras, Dona Lúcia perdeu minha companhia junto ao aparelho, aquilo já não me interessava tanto. Mas a semente estava plantada.

Nas FM, mais descoladas e de som melhor, tinha Rádio Cidade e Transamérica (Rock que Rola por Essas Bandas, clássico total). E tinha a Fluminense FM de Niterói, a Maldita 94,9 Khz me pirando total. Foi o suficiente pra me descolar do pop rock brazuca que inundava o dial. Sempre gostei muito de Titãs e Ira!, mas não gostava muito do resto. E a Maldita me fez caminhar para outro lado. Do lado do Mack Twist, que nas manhãs tocava skate rock e me adrenalizava com os maravilhosos clássicos Institucionalized, do Suicidal Tendencies, e Johhny Hit and Run Paulene, do X, Surfista Calhorda, dos Replicantes, entre tantos outros. Sons que moldam uma personalidade, marcam uma vida, hits de uma existência. Você se sente meio dono. Tinha muito mais naquela estação niteroiense: o grande José Roberto Mahr e seus Novas Tendências. Ah, quinta-feira à noite era dia de ajeitar bem o Walkman no único lugar da casa que o sinal não fugia, e curtir aquelas duas horas (uma de indie, uma de eletrônicos) e ouvir um mundo maravilhoso de novos sons. Eu lia na BIZZ e esperava o José Roberto Mahr tocar. Aliás, eu tive o prazer de conhecer o DJ Zé Roberto, assistindo a gravação de um programa seu, já na Cidade FM. Uma baita experiência, assistindo tudo no estúdio, ao vivaço, e ainda levando pra casa os prêmios do dia, um poster e uma camiseta do The Doors, o filme que estava estreando Brasil.

Philips SkyMaster só tinha rádio e maravilhosos controles de volume independentes deslizantes (!). O Walkman Sony (a pilhas) foi comprado com o (uau) cartão de crédito de um amigo. Muita modernidade.


Mas voltando à Flu FM de Niterói: um marco na vida dos poucos que foram expostos a suas ondas sonoras (poucos, porque o alcance era pequeno). Eu gravava vários programas: além do NT, o College Radio, do Rodrigo Lariú, que até hoje faz seu belo trabalho em prol das guitar bands brazucas, com seu selo Midsummer Madness, e o Hellradio, que teve vida curta, apresentado por Tom Leão e o baixista da Plebe, André X. Tinha ainda um programa que você mandava a programação inteira pra eles tocarem, tipo “um-programa-só-seu” (mas que, na minha vez, foi editado e colocaram coisas que eu não pedi! 🙂


Inicio dos anos 90. O tempo não pára. Agora é hora de trabalhar e ganhar dinheiro. E viver a chegada do revolucionário Compact Disc. O redondinho brilhante prometia qualidade superior, mais tempo de música, mais isso e melhor aquilo. Enquanto isso, nos sebos do Largo de São Francisco, centrão do Rio de Janeiro, vinis a 1 real, afinal o povo só queria a novidade a laser. Várias tardes de sexta-feira dedicadas ao garimpo do bichão preto, feio e chiado, papelão amassado, de som ruim e tosco (vinis não eram hype, não eram caríssimos, viviam um deprimente fim de sua primeira vida). Enquanto no mesmo centrão do Rio de Janeiro eu comprava o primeiro CD da minha vida, Bricks are heavy, do L7, eu aguardava a sorte de ser contemplado no consórcio do meu 4 em 1 Sharp (rádio, duplo deck, CD e vinil, o que pode ser mais excitante?).

Quando finalmente fui contemplado com aquela pequena maravilha, mal sabia o que ouvir primeiro: sintonizar a Flu FM e dar um REC naquele cassete virgem BASF 90 comprado no camelô da Uruguaiana, sentir a emoção de botar o CD na gavetinha e ver o painelzinho digital laranja anunciar o número e a duração da faixa ou meter o vinilzão do Ten e cantar Alive a plenos pulmões?
Foi no aparelho Sharp que até hoje sobrevive na casa da Dona Lúcia (olha ela aí de novo) que eu gravei fitinhas cassete pra dar de presente aos amigos, naquela ânsia de “propagar os bons sons” (Fábio Massari). Nele ouvi música tão alto que, mesmo de fones ouvido, acordava meu pai. Naquele aparelho de som o rádio já brigava por espaço com as mídias. Além da Flu FM pouca coisa chamava atenção no dial AM/FM: um futebol no AM, “comunicadores” chatos nas FM, frequência que a dona Lúcia nunca ouviu: o radinho na cozinha era só AM, o aparelho “da sala” era muito difícil de mexer.

Rádio, disco, fita, CD, display de led. Um companheiro de muitas e agradáveis horas

No saudoso e porraloka período em que morei com amigos no Rio de Janeiro eu comprei um CD player portátil, tipo boombox, para alegrar nossas farras naquele apartamento com muitas histórias pra contar. As já citadas rádios e sua programação rock dividiam espaço com alguns CD e, principalmente, com gravações em fitas cassete da programação, de demotapes recebidas pelo correio e do bom e velho escambo: alguém gravava, passava, copiava, roubava. Piratas!

Que saudade desse carinha

Quando fui em morar em Manaus, as primeiras coisas que comprei, depois da geladeira e do colchão, foram um computador e um aparelho de som. O desktop já começava a ser imprescindível em um lar e o incrível Pionner, adquirido na Zona Franca de Manaus, sintonizava rádio, claro, e tinha, ainda, além do CD player, um tocador de minidisc! Sim, agora eu podia comprar disquinhos virgens e gravar rádio e CD (alugados) com qualidade digital. E podia, ainda, pasmem, escrever e gravar os nomes das músicas gravadas, que iriam aparecer no lindo display azul.

Muita alegria para um jovem solteiro e apaixonado (por som)

A entrada em cena daquela CPU branca, do monitor CRT e da conexão discada são o início da nova era. Não sem saudosismo: Napster, Audiogalaxy, Soulseek, madrugadas em claro. Mas isso é outra história.

Onde toca rádio nesse troço?

O novo e o velho

As pessoas se preocupam com o Rock in Rio. As pessoas gostam de “levanta a mão”, de “sai do chão”, de show de banda velha, de selfies com linguinha de fora, de pirotecnia. Só que eu não gosto das pessoas. De quase todas as pessoas, e muito menos dessas. Enquanto os curupiras se deliciavam com Alter Bridge, eu troquei de canal e vi o Bis transmitindo o Glastonbury com Patti Smith, Paul Weller e tals. Lindos. Mas velhos. Desliga tudo. Liga o note. Busca novidade. Até que, mermão, que porra é essa??

Adeus velhinhos caquéticos. A Shilpinha acaba de encerrar a briga por melhor música do ano. Lambam vossas rugas. I’m out.

 

Vai o osso, fica a obra

Este humilde e desnecessário blog parece que virou um obituário. O último post, há longos 4 meses, tratava das perdas de Kid Vinil e Chris Cornell. A vida seguiu medíocre, mundana, igual. Morreram pessoas boas, endeusaram craques mimados, prenderam eleitos por milhões. Imagens filtradas sempre fizeram parecer que tudo estava bem. Mas a morte, meu irmão, é a morte.

Daí que numa sexta em que aumentava a gostosa apreensão pela chegada do The Who ao nosso país escroto, eis que ela, a morte, resolve atacar impiedosamente, de novo. Harry Dean Stanton atuou em Pretty in Pink, um marco absoluto dos 80’s e cuja faixa título é uma das mais lindas músicas all time. O veinho magricela que fez trocentos filmes partiu. Se foi. Um abraço.

Mas como desgraça pouca é bobagem, também subiu Grant Hart. O batera do Husker Du, uma das mais importantes, lindas, maravilhosas e descaralhantes  bandas que habitaram essa bolota, sucumbiu a algumas dessas merdas que infectam nossas células.

 

grant-hart

E que siga o baile. Triste baile.

 

O Kid, o Chris e os caras que não deviam morrer

Eu não sei se eu seria a mesma pessoa se não fosse o Kid Vinil. Depois de viver o boom do rock nacional dos anos 80, ir a muitos shows e, enfim, estar dentro daquele furacão, me pego, ali na virada de década, meio sem rumo, querendo continuar ouvindo músicas legais, e novas, me recusando a aceitar que as rádios já tinham enjoado do rock. Havia a Bizz, a Flu FM, eu comecei fuçar o underground, ler fanzines, descobrir os indies, as guitar bands brazucas. Eu queria o rock, eu queria conhecer cada vez mais aquilo. E, sei lá quando, descobri que aquele cara que cantava “Eu sou Boy”, que parecia só mais um Doutor Silvana, um Léo Jaime mais excêntrico, era, sim, uma enciclopédia ambulante, um colecionador de discos, um radialista e DJ carismático, o nosso John Peel. Passa o tempo, e só com a maravilhosa internet volto a, não sei quando (de novo, lesado e velho), descobrir o velho Kid e seus programas na 89 FM, 107 FM, Brasil 2000. Lá estava ele tocando, com o mesmo tesão, uma banda progressiva dos sixties ou a mais nova sensação da Nova Zelândia. Um amante do rock que eu admirei, que segui, que bati um papo no Record Store Day em 2015. Um puta cara.

E nesse meio tempo entre a morte do rock brasileiro dos 80 e minha sanha por não abandonar aquilo de jeito nenhum, houve o tal do grunge. A flanela, a distorção, os malucos daquela cidade feia. Acho (sei lá novamente) que Hunger Strike foi meu segundo grunge, depois de Smells like teen spirit. Caralho, que voz é essa? Quem é esse maluco? E lá estava eu, descobrindo o Soundgarden, virtuosa banda naquele cenário distorcido. Na minha humilde e desnecessária opinião que ninguém pediu Mark Lanegan ainda é o maior vocalista daquela cena. E o único que ainda não morreu. Mas essa música aí embaixo é uma das que me fez amar essa banda e seu puta vocalista.

Alternative Mind

Lá no fim do século passado e início do século agora, musicomaníacos loucos como eu fuçávamos sempre sites como Pitchfork, Stereogum, Epitonic, Insound e tantos outros blogs que viviam de descobrir bandas novas numa época em que a ressaca pelos maravilhosos 90’s era muito forte. Strokes e White Stripes meteram o pé na porta no início do presente milênio. Mas os porões e os estúdios caseiros não estavam vazios, claro. Por aqui se baixava mp3 e se queimava CD-R’s a torto e a direito. Na minha modesta opinião o indie nunca foi tão indie quanto nos anos 2001 a 2005.

Recentemente tenho caçado no Spotify aquelas obscuridades ali guardadas no meus CDs com capinha artesanal feitas em casa com Gimp versão 1.2 e impressora jato de tinta. Muitas bandas eu sequer encontro, outras tem tão poucas audições que me pergunto como eu conheço aquilo. Muitas eu nem sei se gosto mais.

E aí, quer conhecer Monroe Mustang, Fraquet, No Knife, Starsailor, Actionslacks, The Mockers, The High Dials, Pernice Brothers? Fuck the mainstream 🙂

Nevermind

nirvana

Entre tantas matérias por aí reportando o fato de que, no dia 24 de setembro, ontem, o álbum que quebrou tudo, que ditou uma nova ordem, que colocou a distorção nas paradas, completou 25 anos, essa da SPIN me chamou atenção pelo depoimento do grande Eddie Vedder, outro que encabeçava aquele turbilhão de música americana made in 1991:

“It was summertime in Seattle, and our record Ten was coming out in about a week. There were a few copies of Nevermind floating around on cassette before the record was out, and I remember hearing it on a Walkman, walking by myself on a rare nice day when the clouds broke for the first time in months. (…) Later that summer, Fugazi were playing in the Mojave Desert. We drove in this little Toyota with Nevermind playing. You could just listen to that thing on repeat, it never dipped.”

E eu, que atravessei o mesmo Mojave nesse início de 2016, ouvindo na rádio via satélite da van que compartilhava com família e amigos … Pearl Jam! no Rio de Janeiro! (era uma rádio que só tocava PJ ao vivo). Minha emoção naquele momento talvez não seja tanta quanto a de ouvir o recém-lançado Nevermind indo a um show do Fugazi, claro, mas quem irá discordar que essas memórias, as minhas e a de Eddie :-), em que música e bons momentos se cruzam são, por falta de palavra melhor, inesquecíveis.

 

Crumb Peel

Hoje, 30 de agosto, fuçando os feeds da vida, descobri que é o dia em que vieram ao mundo dois caras importantíssimos para a cultura pop e dos quais sou fã: Robert Crumb e John Peel. Do primeiro, grande quadrinhista americano, confesso que não estou entre os fãs mais ardorosos. Mas é impossível desconsiderar a importância de Crumb para a história dos quadrinhos. Uma espécie de precursor dos desenhos toscos e azeda verve política.

Seu livro “Blues”, que eu li na edição brasileira de 2010, foi meio que um pontapé inicial na minha nova mania de caçar documentários sobre música, seja em que mídia for. Neste momento em que estou estou mergulhado no rap, com a série “Get Down” e os quadrinhos de “Ghetto Brothers”, só tenho a agradecer ao senhor Robert.

crumblues

Já o DJ e radialista John Peel, falecido em 2004, talvez seja um dos meus maiores inspiradores na maravilhosa arte de caçar novos sons, de nunca se render ao estabelecido nas famigeradas e vendidas paradas musicais. A marca “Peel Sessions” está sempre associada ao frescor, ao tesão, ao alive and kicking de seus convidados nos estúdios da BBC. Um bom exemplo está aqui. Que se registre no seu aniversário sua imagem e sua música predileta:

peel

Todas as desculpas

No fim de 2014 o Nirvana foi homenageado no Rock and Roll Hall of Fame. Na cerimônia, depois das palavras de Michael Stipe, do REM, subiram ao palco a mãe e filha de Kurt, a viúva polêmica Courtney e os remanescentes Dave Grohl e Krist Novoselic que, acompanhados por mulheres, tocaram 4 sucessos da banda. Quando me deparei com esse vídeo da Lorde cantando All Apologies com Pat Smear, Joan Jett e Anne Clark/St. Vincent nas guitarras e Kim Deal no baixo, quase fui às lágrimas, o que se repete toda vez que revejo. São 3 gerações misturadas homenageando a maior banda dos 90’s.

Emoção demais para esse velho que viu a história ser escrita, naquele 23 de janeiro de 1993, antológico show do trio no Hollywood Rock. Haja coração. Tem o evento todo nesse link.

Partiu

Porra, na moral, eu achava que o Lemmy não ia morrer nunca. São 11 e 40 da madrugada de uma segunda-feira e eu tô tomando uma cachaça em homenagem a Ian. Vai seu puto, toca o terror no inferno.

Música sempre vida

Engraçado. Uma matéria da MTV que fala que as pessoas deixam de ouvir música nova aos 33 anos. E um incrível documentário que mostra como a música pode transformar a vida de idosos com doenças cerebrais.

Não faço absolutamente parte dessa maioria abordada na interessante matéria encomendada pelo Spotify, que destaco alguns trechos:

Em 1996, a jornalista Ana Maria Bahiana questionava: “Será que mais uma geração caiu nas garras da arteriosclerose do ‘classic rock’, cujo sintoma mais grave é essa mania de ouvir apenas o que já foi ouvido antes, e sempre cobrar de seus artistas favoritos que eles não mudem nunca?

Um ouvinte de 16 anos tem tanto a se beneficiar com uma audição de ‘A Nod Is as Good as a Wink’, dos Faces, quanto um de 55 do disco do Kula Shaker

O choque do novo fará você pensar, fazer conjecturas, ligações (“Isso soa como algo que eu ouvia” ou mesmo “nunca ouvi algo assim, mas é legal”) movimentando seus pensamentos

Como um irreparável caçador de novos sons, um discípulo de John Peel, para quem “a melhor música é aquela que eu ainda não ouvi”, posso recomendar o Ouve Essa, programa da 89 FM, capitaneado por Ricardo Alexandre. Música nova. E boa, lógico, que é o que interessa.

Alive Inside: listen to your heart

Alive Inside: listen to your heart

E sobre o filme Alive Inside, disponível atualmente no Netflix, escolhido da audiência em Sundance, a constatação, pra mim óbvia, do bem que a música faz à nossa mente, associando lembranças, trazendo memórias boas. O projeto consiste em colocar pessoas com problemas como alzhmeier em contato, via fones de ouvido, com músicas que marcaram sua vida de alguma forma. E é emocionante como os velhinhos reagem ao estímulo que aquele som causou no seu cérebro, retornando um sopro de vida, causando efeito que nenhum remédio consegue.

A conclusão é de que nossa mente precisa disso: associar música e curiosidade! O filme encerra com esse belíssimo som, hippie total, mas é de 2012 🙂 do Edward Sharpe and the Magnetic Zeros: I wanna know what we’ve been learning and learning from

De cabeça erguida

Louco é quando escrevem tudo aquilo que vocẽ sente, que você queria escrever, dizer, gritar.

And the world could die in pain
And I wouldn’t feel no shame
And there’s nothing holding me to blame
Makes you want to feel makes you want to try
Makes you want to blow the stars from the sky
I’m taking myself to the dirty part of town
Where all my troubles can’t be found

Psicocandura

Tem coisas que eu gostaria de lembrar e não consigo e tem coisas que eu não quero esquecer jamais. Uma delas foi quando ouvi Just like honey, do The Jesus and Mary Chain, pela primeira vez. Há 30 anos atrás eu ainda não havia começado de forma tão veemente minha paixão pela música indie, o que aconteceria nos primeiros anos da década de 90, a melhor da história da música :-), mas aquela experiência radiofônica foi acachapante. Os tempos eram outros e só pude ter contato com o álbum Psychocandy alguns anos depois. Mas o estrago já estava feito.

jamc

Ao longo dos anos a banda dos irmãos Reid esteve presente em vários momentos da minha vida. Seus três primeiros álbuns estarão sempre presentes em qualquer lista de melhores que eu consiga fazer. Head On (já tocada por Pixies e Legião Urbana), é uma das músicas que eu mais ouvi na vida. A banda passou pelo Brasil três vezes e eu não assisti a nenhuma, mas, sério, não acho que seja uma banda para ser ver ao vivo. Jesus & Mary Chain é banda para fones de ouvido.

Agora que os escoceses estão comemorando com turnê mundial os 30 anos de Psychocandy (existe uma bacana homenagem ao álbum feita pelo The Blog That Celebrates Itself, só com covers feitos por bandas brasileiras), nada como lembrar dois momentos inesquecíveis pra mim: a cena final de Lost in Translation e a linda Sometimes Always, que Jim Reid canta com sua então namorada, Hope Sandoval, vocalista do Mazzy Star, e que seria A música do meu longevo relacionamento amoroso 🙂