30 anos hoje

Bob Mould é careca. E é gay. Quando eu tinha 8 anos ele fundou, junto com o Greg e o saudoso Grant, uma banda de hardcore que era tudo, e também hardcore. Não posso falar de Husker Du, sou suspeito. A banda acabou com os cara tudo drogado e brigado. Rock.

Em 1992 o rock barulhento mandava no mundo, nas paradas, na porra toda (que tempos, que tempos). E Bob formou o Açúcar. Que há exatos 30 anos atrás lançou Copper Blue, o disco que tem Changes, tem Helpless, tem Man on the Moon e tem A good Idea. Que eu ouvi, bati cabeça, fiz air guitar, air drums, air pandeiro.

Em 2013 eu fui ao show do Grant Hart em São Paulo. Eu e mais 20 pessoas. No final eu pude falar que o amava. E que também amava o Bob. Ele não deve ter gostado disso.

Não tem Sugar no Wikipedia, A good idea não tem vídeo. Eu nunca entendi a letra. Mas eu tava lá. E juro que era foda.

Um novo dia

New day rising é esperança. New day rising é vida. New day rising é barulho, é distorção, é reverb. New day rising é Husker Du. É Hart/Mould/Norton. New day rising é uma sensação indescritível, é punk, é hardcore, é indie, é noise. É açúcar para os meus ouvidos calejados de tanto lixo. New day rising está fazendo 30 anos. New day rising mudou minha vida. New day rising é absoluta e simplesmente foda pra caralho.

Punk inocente

Hoje uma amiga me mandou esse post sinistro no Buzzfeed: 23 Pieces Of Evidence That Punk Is Dead. A velha história do punk morreu. Moicano de perna-de-pau pagodeiro, putz. Como eu não sei se o punk nasceu, depois de ouvir milhares de banda assim rotuladas, ler vários livros e assistir muitos documentários sobre o assunto, consolo-me ouvindo Os Estudantes, por exemplo, ou divulgando, para quem ainda não viu, o mini documentário do Inocentes, das primeiras punks desse país, que já tocou no Bolinha e na Mara Maravilha. Ou seja, filhos, o assunto é batidão (entenda como quiser …)

É então que eu mando tudo pro espaço

Passando pelo fantástico Hangoverhard, me deparo com um post sobre o Pegboy, bandaça punk americana que eu já tive até camiseta, e responsável por uma das músicas que eu mais gostei nos early 90’s: Revolver, que, só agora (Santa ignorância, Batman), descubro que é um cover do Mission Of Burma e que também já foi interpretada por Graham Coxon, Soul Asylum e o grande Moby, nessa versão incrível:

“That’s when I reach for my revolver, That’s when it all gets blown away”

3 acordes. E pra que mais?

Punk:Atitude. Esse é o nome do documentário que passou no GNT no último fim-de-semana. Sou suspeito pra falar porque considero o gênero o mais importante da música desde sempre. O que veio antes não me interessa muito e o que veio depois só aconteceu por causa daquela galera. E boa parte do pessoal que fez história tocando aqueles únicos acordes e, mais ainda, simplesmente transgredindo (transfressão, atitude, pensar que isso já teve relevância algum dia…), contribuem com depoimentos sobre o período. Achei interessante quando Henry Rollins disse que, se tivesse 17 anos, também adoraria Linkin’ Park: “tudo vai meio devagar até explodir num refrão esporrento…”. Fácil pra mim, que sou velho, simplesmente achar que Linlink’ Park é uma bomba e que não justifica o sucesso. Só que Linkin’ Park toca no rádio e é uma das poucas opções palpáveis pra quem tem 17 anos e não gosta dessa MPB horrorosa que anda por aí. E nem tem ídolos pra lembrar, flashbacks e tal. Só que no meio da década de 70 o pessoal também não gostava de rock progressivo, etc e tal, e simplesmente inventou um estilo que mudou a música jovem pra sempre. O que, infelizmente, é impensável hoje em dia.

Ao som de Buzzcocks – fallen in love